quarta-feira, 27 de maio de 2009

Log 22 de maio de 2009. 5° dia da travessia Tenerife, Ilhas Canárias para Mindelo, Cabo Verde

Assumi meu turno as 6:20

Posição 22° 54.073N 020° 52.105W

Seguimos rumo a Mindelo no Cabo Verde.

Ventos de até 18 kt velocidade 3,5 a 4 kt.

O veleiro segue bem mesmo sem a Genoa, que permanece presa ao hélice.

7:00 todos dormindo, iniciei a construção de um sistema de mergulho improvisado para retirar a Genoa do hélice, o problema é o vento e as ondas que tornam a operação difícil.

Sistema pronto, consiste do fole do bote conectado a uma mangueira que por sua vez está ligada a um reservatório (saco de suco), que com a ajuda de lastro pode ser levado para baixo d’água, este reservatório está conectado a um snorkel por onde o destemido mergulhador vai respirar. Vejamos se funciona.

8:30 a tripulação já está acordada, mostrei o sistema improvisado de mergulho e sem muita convicção eles aprovam. Ainda assim continua muito mar para o mergulho.

O Dimas assumiu o leme, e pouco depois ele avisa que a Genoa soltou-se sozinha, agora é conferir estragos. A visão é estarrecedora, o segundo triangulo de Dacron esta em frangalhos. Retiramos a Genoa para conferir os estragos que não animam nada.

Afim de conferirmos o hélice, amarro minha câmera no krock dentro do saco impermeável e filmo o hélice que parece estar livre de obstrução.

Agora sem o arrasto da Genoa o barco desenvolve mais velocidade, e após testarmos o motor, seguimos com a grande e motor para Mindelo a uns 7kt.

De repente ouvimos um barulho longo vindo do hélice, pus em neutro imediatamente, o que seria? O hélice já havia sido verificado o motor funcionava bem, olhei para a popa e vi uma grande bolha de material róseo, primeiro achei que se tratava de uma lula depois percebi que devia ser sangue de algum animal marinho que fora de encontro ao hélice, será que era uma baleia? Já havíamos avistado outras antes, o Dimas diz que acabara de ver também um jato a uns 50 metros do barco a boreste. Testamos o motor novamente, tudo ok seguimos. Fico pensativo pelo animal e imagino as centenas de animais que devem ser dilacerados pelos navios e barcos mais velozes que usam o motor 100% do tempo.

Pego a agulha e linha encerada para o reparo da vela assim como fitas adesivas de reparo de vela e silver tape caso acabe o reparo.

Tenho de confessar que gosto da experiência como um todo, mesmo os momentos de aperto e agora termos que consertar a vela para prosseguirmos me satisfaz pois sinto que vivo intensamente o mar e o barco.

Os trabalhos de conserto da vela duram o dia todo, não paro nem para almoçar, furo os dedos umas 4 vezes mas graças a prevenção temos equipamentos de conserto essenciais para a travessia.

Iniciamos o içamento da Genoa com muito cuidado, no alto o estrago parece mínimo, a vela testada é risada e seguimos a viajem apenas com velas.

A tripulação fica muito feliz com o sentimento de trabalho cumprido, todos se cumprimentam e o clima fica, muito bom. Nada como um aperto e sair dele com as próprias mãos para levantar a moral.

Fim do LOG

Um comentário:

  1. Corrije depois: "consertar" e "conserto".

    como foi que a Genoa acbou parando debaixo do barco? E me parece que as velas rasgam com facilidade... é isso mesmo?

    Abraços!!

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